É assim que as letras aparecem a quem tem dislexia
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É assim que as letras aparecem a quem tem dislexia
Daniel Britton lembra-se de o pai lhe gritar por não conseguir aprender coisas que pareciam tão simples. Atualmente designer gráfico, decidiu mostrar através da arte como é tentar ler com dislexia.
Daniel Britton era um aluno excelente, mas só a ciências e a design gráfico. Tudo o resto era uma desgraça. Até que, aos 18 anos, uma professora decidiu pedir aos médicos um diagnóstico para dislexia. Estava encontrado o problema. Foi a pensar nos milhares de crianças e jovens que sofrem desta perturbação, e que ainda não foram diagnosticados, que o agora designer gráfico criou algumas imagens que mostram como é (tentar) ler com dislexia. Até porque ainda tem dificuldades, contou ao Observador.
Quando a professora Geraldine Young o levou ao médico, concluiu-se que Daniel Britton tinha as capacidades de leitura de uma criança de 10 anos e a aptidão de escrita de um rapaz de 11. “Não admira que tenha reprovado a tudo, consegue imaginar a pressão por que passa uma pessoa durante o ensino secundário que academicamente está ao nível de uma criança de 10 anos? Claro que vai reprovar”, disse-nos, em entrevista por e-mail.
Atualmente com 25 anos, o designer melhora a cada dia. Mas ainda luta com o problema e, sobretudo, com o preconceito. “Há muita gente que se recusa a acreditar que a dislexia é uma incapacidade, ainda há a crença de que estas pessoas nasceram preguiçosas ou limitadas, e este é o estigma com que tive de levar durante toda a minha vida“, contou.
Quando andava no quarto ano da escola primária, viu ser-lhe diagnosticada dislexia parcial, pelo que o apoio que recebeu foi insuficiente. “Lembro-me de ter 15 anos e o meu pai tentar ensinar-me álgebra com maçãs e peras e eu simplesmente não percebia. Ele costumava gritar-me por eu não perceber”, acrescentou.
Chegou a ter um explicador aos sábados, o que se revelou muito útil, mas não resolveu o probema. “Ser disléxico não é sinónimo de redundância, significa que precisamos de receber a informação de uma forma diferente e é o dever dos pais e dos professores encontrar forma de apoiar“. Não prestar este apoio, não estar atento, é, para Daniel, “insensível e preguiçoso”.
“Quase todos os disléxicos com quem falei desde que publiquei esta história no [site] Design Boom veio ter comigo e disse exatamente a mesma coisa, por isso fico emocionado por poder mudar alguma coisa na vida de outras pessoas”.
Daniel Britton tem outros desejos. Gostava de aprender outros idiomas, mas acredita que as melhorias nunca vão chegar para cumprir essa vontade. Gostava também de organizar uma exposição que fosse uma experiência de incapacidade porque considera que “criar consciencialização sobre a dislexia não é suficiente”. Não esquece outros problemas, como o Síndrome de Asperger ou a paralisia cerebral. “Sinto que, assim que as pessoas ganharem uma compreensão em relação às outras, aí então podemos progredir enquanto raça”.
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