Comandante de posto da GNR vai requerer incapacidade psicológica

por **MaxiRodrigues** Seg 26 Jan 2015, 10:55

Militares feridos numa intervenção para acabar com um sequestro num restaurante do Pinhal Novo, ocorrido há um ano, dizem-se vítimas de stress pós traumático, como se tivessem participado num ato de guerra.

Já curado dos estilhaços do rebentamento de uma granada, lançada por um sequestrador moldavo a partir do interior de um restaurante no Pinhal Novo, há um ano, o comandante do posto local da GNR espera que lhe seja declarada em breve a incapacidade psicológica para o cargo, por motivo de stresspós-traumático, apurou o DN com fontes militares.
No mesmo estado estão outros três militares do posto, que ficaram gravemente feridos na operação de 23 de novembro de 2013, atingidos pelos estilhaços de uma granada de fragmentação. Esses militares ainda não recuperaram, mais de um ano depois, dos danos psicológicos e de alguns físicos. Para todos, o maior golpe emocional foi a morte, no interior do restaurante, do jovem militar Bruno Chaínho.
O comandante do posto do Pinhal Novo, que está em funções mas continua em acompanhamento psicológico, deverá ser visitado em breve por uma junta médica para que lhe seja declarado um grau de incapacidade por stress pós-traumático, confirmaram ao DN fontes próximas do sargento Cláudio Almeida.
Outro dos militares feridos vai também requerer incapacidade. Um terceiro militar, o qual ficou com 54 estilhaços de um engenho explosivo na pele, está de baixa há um ano.
As mesmas fontes garantem que o comandante do posto de Pinhal Novo já não se sente apto para funções de comando.Prefere ficar em funções administrativas. Não é pela idade pois tem apenas 37 anos. É pelo trauma. Desde a situação do sequestro que a sua vida mudou completamente. Cresceu a revolta. Não compreende o cerco de seis horas no local, entende que a GNR devia ter neutralizado o suspeito antes. As mesmas fontes adiantam que o sargento sente que não foi dignamente tratado pela instituição, que diz já se ter esquecido dele e dos outros. O comandante do posto também não gostou que os seus homens que ficaram feridos no incidente não tivessem sido incluídos nos primeiros louvores emanados do comando de Setúbal a 30 de dezembro de 2013. Esses primeiros louvores foram para os 70 militares da Unidade de Intervenção que cercaram o local. Os efetivos da GNR do Pinhal Novo, que foram os primeiros a chegar ao restaurante, só receberam louvores em fevereiro de 2014, emanados do comando geral da GNR, o que causou indignação no grupo dos feridos e nas associações sindicais da GNR. Finalmente, o comandante do posto também já não sente ter a força para combater a falta de meios na zona. Como explicou fonte militar, o Pinhal Novo conta com 30 guardas para uma área territorial de 55 km2 e mais de 25 mil habitantes.
A 23 de novembro de 2013 duas mulheres e dois homens (entre eles, o proprietário do restaurante O Refúgio, a esposa e a filha), foram sequestrados por um cidadão moldavo, Mihail (Miguel) Codja, de 59 anos, que se encontrava em em Portugal desde 1999. No relatório da GNR sobre o incidente tático policial, a que o DN teve acesso, estão os momentos de terror ao minuto. Cerca das 21.30, o suspeito entrou carregando uma mala. Pediu dois whiskies e um pudim, que pagou e consumiu. Meia hora depois, quando o restaurante estava a fechar e não havia mais clientes, Miguel empunhou uma arma de fogo e exibiu três a quatro granadas presas à cintura e um engenho explosivo, ameaçando o proprietário, a sua mulher e os filhos. Em seguida, algemou o dono do restaurante e o seu filho com braçadeiras plásticas, deixando a mulher e a filha libertas. No mesmo ato, explicou que sofria de uma doença de sangue e só teria um ano de vida se não fizesse tratamentos médicos no valor de 50 mil euros. A família sequestrada teria de lhe pagar os tratamentos, a troco da libertação. Para intimidar ainda mais, referiu ter estado na guerra do Afeganistão e descreveu que matava as pessoas cortando-as desde a boca até às orelhas, degolando-as de seguida. Mostrou várias facas num saco e retirou munições de kalashnikov do bolso. Entretanto, a mulher do dono do restaurante sentiu-se mal, e enquanto o moldavo a foi acudir, a filha do proprietário ligou para o 112 e alertou as autoridades. Cinco minutos depois da chamada, chegou uma patrulha da GNR do Pinhal Novo. O guarda Bruno Chaínho bateu à porta. O suspeito obrigou as reféns a abrir a porta para dizer que nada se passava. O militar mandou as mulheres saírem, tirou a arma de serviço do coldre, entrou cautelosamente no interior mas ficou de frente para a posição do suspeito. Este disparou com arma a três ou quatro metros na direção do militar, que teve morte imediata.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4362315&page=-1

por **Edr See** Seg 26 Jan 2015, 11:50

Acho muito bem... até como forma de protesto, os primeiros a chegar deveriam requerer incapacidade psicologica!

por **Patrulhas** Seg 26 Jan 2015, 17:10

Muita coisa correu menos bem, neste caso.
Espero que a instituição tenha aprendido com a situação, e que a perda do nosso jovem camarada não tenha sido em vão.
Muito se fala (ou se cala) sobre os Patrulheiros, mas aqui está espelhado as prioridades da GNR, e o Patrulheiro, parece-me, que não é prioridade.
Cumprimentos,

:fg hurray:

por **иuησ** Seg 26 Jan 2015, 17:17

Patrulhas escreveu:Muita coisa correu menos bem, neste caso.
Espero que a instituição tenha aprendido com a situação, e que a perda do nosso jovem camarada não tenha sido em vão.
Muito se fala (ou se cala) sobre os Patrulheiros, mas aqui está espelhado as prioridades da GNR, e o Patrulheiro, parece-me, que não é prioridade.
Cumprimentos,

O louvor é um mal menor, nem aquece nem arrefece, o que estes homens mereciam era serem promovidos ao posto imediato por distinção.

Mal vai a coisa quando, no dia seguinte ao lamentável episódio, alguém ordena o seguinte:

"Temos que esquecer o que se passou e voltar ao trabalho"...

por **Tomé Pinto** Seg 26 Jan 2015, 17:21

Estou convencido que isso agora é já rápido.

por **Undia** Seg 26 Jan 2015, 17:23

Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

por **иuησ** Seg 26 Jan 2015, 17:58

Ninguem está preparado para ficar traumatizado ou ficar com sequelas para sempre. Alias, além disso, falamos de um "Teatro de Operações" que felizmente é caso único/raro no pais.

Posso até fazer uma diferenciação entre "combate ao crime" e "combate ao terrorismo": são duas situações completamente diferentes.

por **Sierra Delta** Seg 26 Jan 2015, 18:58

Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Falar é fácil...quem passa por elas é que sabe o que custam.

por **matulão** Seg 26 Jan 2015, 20:33

Pois do lado de cá do PC somos tds mtos corajosos, na minha forma de ver até em relação aos pais do Chainho a GNR procedeu mto mal, com as valências q tem a nível de psicólogos, advogados etc etc, devia canalizar todo o apoio e mais alguns a tds os envolvidos. E com a experiência q já tive numa situação pelo qual passei a valências da Guarda q só servem o CMD Geral e pouco mais o resto da Guarda é numero....

por **Edr See** Seg 26 Jan 2015, 22:07

Afinal ainda há super policias, mas serão só atrás do computador ou quando actuam em grupo!?

por **Luisa Baião** Seg 26 Jan 2015, 22:56

Todos sabemos que cada ser humano é diferente de outro.Cada um de nós reagimos consoante o nosso grau de sensibilidade. Ninguem deve de sensurar o estado de espirito desse sr cmdt de posto. O sofrimento dele ,é dele mesmo .Não tem obrigatoriamente devser igual a nenhum outro. O fadto de ser GNR e ter preparação para enfrentar situações difíceis não faz desse sr um superhomem.
Acho mesmo que ,o sr está sendo honesto consigo próprio e ,com os seus subordinados,Falar do que desconhecemos é fácil... Uma coisa é ,enfrentar as situações e vivenciá-las,outra bem diferente

por **cumandante** Seg 26 Jan 2015, 23:19

Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Camarada o que é desprestigiante é a atitude do comando da guarda para com a situação,
quanto ao Cmdt de posto estou plenamente de acordo com o pedido de afastamento,
pois só demonstra que é um profissional honesto, e não se escondeu por trás da patente que tem.
Muita força para todos estes camaradas...

por **Croco** Seg 26 Jan 2015, 23:22

cumandante escreveu:
quanto ao Cmdt de posto estou plenamente de acordo com o pedido de afastamento,
pois só demonstra que é um profissional honesto, e não se escondeu por trás da patente que tem.
Muita força para todos estes camaradas...

por **carlos morais** Seg 26 Jan 2015, 23:29

É um tópico que pensei em não comentar,mas quando acontece uma situação destas,a nossa corporação não tem pessoal à altura para resolver esta e muitas situações que vão passando,Ao longo da minha vida profissional vi e passei por algumas que a minha instituição não estava preparada para as resolver.
1º.Um bom psiquiatra só no privado.
2º.Um bom psicólogo " " " 3º.Um bom advogado só no privado,ou então ser sócio de um associação sócio-profissional.

por **иuησ** Ter 27 Jan 2015, 02:20

cumandante escreveu:quanto ao Cmdt de posto estou plenamente de acordo com o pedido de afastamento,
pois só demonstra que é um profissional honesto, e não se escondeu por trás da patente que tem.
Muita força para todos estes camaradas...

O negrito é meu, serve apenas para confirmar na integra o que escreveste, dado conhecer perfeitamente o Profissional em questão praticamente desde o meu inicio da carreira na GNR.

por **cumandante** Ter 27 Jan 2015, 02:33

Comandante que é comandante dá o exemplo,
e se todos os que têm patente para tal o fizessem,
decididamente estaríamos bem melhor servidos...

por **Croco** Seg 02 Fev 2015, 13:53

Comandante da GNR sofre de stress pós-traumático

O comandante da GNR do Pinhal Novo diz que não tem condições psicológicas para continuar no cargo. O homem, de 37 anos, sofre de stress pós-traumático, por causa da intervenção no sequestro de um restaurante em 2013.No incidente, um militar foi baleado pelo sequestrador e morreu no local. Outros 4 ficaram feridos por estilhaços de granada.

VÍDEO: http://sicnoticias.sapo.pt/arquivo/2015-02-01-Comandante-da-GNR-sofre-de-stress-pos-traumatico

por **Overlord** Seg 02 Fev 2015, 14:21

Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Também há militares que vão para cenários de guerra, onde antes são preparados e mentalizados para o cenário com que se poderão deparar e muitos acabam por sofrer a mesma de stress pos-traumático, por acho bem que se o cmdt de posto não se sente capaz peça ajuda.

por **paulo pinto** Seg 02 Fev 2015, 15:55

Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Temos herói... Ou não...

por **COELHO.X** Seg 02 Fev 2015, 17:59

Falar de fora é muito bom...e teclar ainda melhor, mas só quem passa por elas é que sabe o que custa!
Solidariedade dos camaradas é o que se pede, e não cuspir para o ar!

por **JNSilva** Seg 02 Fev 2015, 20:01

ipiranga escreveu:
Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Também há militares que vão para cenários de guerra, onde antes são preparados e mentalizados para o cenário com que se poderão deparar e muitos acabam por sofrer a mesma de stress pos-traumático, por acho bem que se o cmdt de posto não se sente capaz peça ajuda.

Pelos Intelectuais e afins deste fórum, pergunto eu :

- Como é que se preparam Homens para a guerra…

Pois é que eu não sei responder…

Já fui preparado para tudo, mas para a guerra até que tentaram, mas nunca se está preparado para tal facto.

por **Overlord** Seg 02 Fev 2015, 21:09

JNSilva escreveu:
ipiranga escreveu:
Undia escreveu:Por muito respeito que tenho pelos camaradas que foram chamados a intervir nesta ocorrência, compreendendo o perigo e até a fatalidade que provocou, acho inconcebível que, enquanto Militar da GNR e na qualidade de comandante, fique traumatizado por exercer as suas funções quando o contexto da sua acção se complica a este patamar. Acho mesmo que estas noticias são desprestigiantes para a instituição. Má imagem dos Militares da Guarda e de quem os comanda. Todos tememos pela nossa vida, mas todos devíamos saber ao que viemos... Que recupere rapidamente os ferimentos, mas lamento esta postura. A culpa não será só dele, mas de quem o seleccionou, primeiro para a GNR e depois para um cargo de comando, claramente não estava apto..

Também há militares que vão para cenários de guerra, onde antes são preparados e mentalizados para o cenário com que se poderão deparar e muitos acabam por sofrer a mesma de stress pos-traumático, por acho bem que se o cmdt de posto não se sente capaz peça ajuda.

Pelos Intelectuais e afins deste fórum, pergunto eu :

- Como é que se preparam Homens para a guerra…

Pois é que eu não sei responder…

Já fui preparado para tudo, mas para a guerra até que tentaram, mas nunca se está preparado para tal facto.

exatamente o que disse. Mas existe preparação, os aprontamentos das missões serve para isso

por **Luis António Bota** Ter 03 Fev 2015, 20:36

Na minha opinião, sem conhecer o Militar em concreto e sem ter passado pela situação, chego a uma única conclusão, onde é qué está a "força humana, próxima e de confiança". Se o Militar entende que não reune condições para Comandar o Posto, transfira-se sem complicações e ou polémicas, porque ai sim teremos uma "FORÇA HUMANA PRÓXIMA E DE CONFIANÇA", a começar da base ou seja de dentro para fora, digo eu....