GNR paga a militares 127 milhões para ficarem em casa

Eu sei de onde veio... Alias, quem governa acha inconcebível existirem 7000 profissionais na reserva, mas não acha inconcebível que esses em grande parte da carreira efectuavam 360 horas ou mais por mês. Será que se recordam dos tempos das 24 horas + 4 de serviço?

O que está em curso é muito mais do que isso. Ainda hoje podemos ouvir o Ministro Miguel Macedo, quanto à intenção de passar à reserva para os 58 anos de idade, mas isso é apenas a ponta do véu, porque a seguir vem a extinção dos 15% de acréscimo e sabem o que significa : Adeus Reserva!!
Um militar que entrou na GNR com 24 anos de idade, aos 58 apenas tem 34 anos de serviço...faltam 6 anos para poder entrar nas CGA/SS...em que ficamos??

Profissionais da GNR estão na reserva por direito próprio

A Associação dos Profissionais da Guarda – APG/GNR ao ter tido conhecimento da notícia publicada pelo Diário de Notícias, intitulada “GNR paga a militares 127 milhões para ficarem em casa”, notícia que teve como base o programa orçamental para a Administração Interna não podia deixar de vir a público manifestar a sua posição.

Em primeiro lugar dá-se a entender que será um despesismo do erário público em época de contenção, uma vez que é referido que estão mais de 6000 profissionais na reserva, a ser pagos para ficar em casa.

A APG/GNR lamenta que o direito à reserva seja interpretado desta forma absolutamente simplista. É necessário que se esclareça que, qualquer profissional da GNR trabalha mais horas que qualquer cidadão que transite para a aposentação com os 40 anos de serviço.

Na GNR não há horário de trabalho. A reserva seria uma forma de compensar aqueles que, dando de si mais que a generalidade dos cidadãos em termos de horas de trabalho, estão diariamente sujeitos ao risco de vida e ao desgaste extremo.

Os profissionais que estão hoje na reserva, durante três décadas, 70, 80 e 90, trabalharam mais de 100 horas por semana sem que recebessem mais por isso.

Aliás, se a Tutela quiser apresentar números com rigor tem que explicar quanto é que poupou e ainda poupa com os profissionais da GNR que praticaram horários escravos sem receberem mais um cêntimo. Não são necessários grandes conhecimentos contabilísticos para se concluir que foram muitos os milhões poupados. Equacione-se o salário médio do profissional da GNR, somem-se 100 horas de trabalho por semana e ache-se o valor pago por hora.

A APG/GNR sublinha que há profissionais que continuam hoje a trabalhar mais do dobro de horas semanais permitidas por lei para a generalidade dos cidadãos, sendo que sobre esta realidade nenhuma referência é feita.

A APG/GNR tem noção daquilo que são os níveis exigíveis de segurança pública, sendo certo que nenhum cidadão se sentiria completamente seguro se tivesse consciência que uma boa percentagem dos agentes que devem garantir a sua segurança têm perto de 60 anos, como pretende o Governo com o aumento da idade de passagem à reserva ou como sucederia se os elementos na reserva regressassem à vida profissional activa.

A GNR está em franco envelhecimento devido ao número reduzido de ingressos, situação que se agravará com o congelamento das passagens à situação de reserva. É necessário que se entenda que, de facto, a GNR teve uma redução de efectivo, (segundo o MAI, de 13%) mas que isso se deve exclusivamente ao facto de o Governo estar a querer poupar na segurança dos portugueses, não abrindo concursos de ingresso em número satisfatório, e não aos profissionais que estão na reserva e que, considerando o grau de desgaste da sua profissão não têm condições objectivas, físicas, de desempenhar actividade operacional.

A APG/GNR alerta que estão em causa os níveis de qualidade da segurança pública e não injustos benefícios extraordinários, exclusivos dos profissionais da Guarda, que apenas são considerados para efeitos de cortes aplicáveis aos funcionários públicos, mas nunca beneficiando dos mesmos direitos, designadamente de um horário de serviço, cuja regulamentação aguardam desde 2010.

Lisboa, 8 de Novembro de 2013
A Direcção Nacional