PSP do Porto pede reforço urgente de efetivos

por **COELHO.X** Ter 09 Ago 2016, 17:48

PSP do Porto pede reforço urgente de efetivos
Comandante diz que já não consegue "fazer omeletas sem ovos".
O comandante metropolitano do Porto da PSP alertou esta terça-feira para a necessidade urgente de reforço de efetivos daquela polícia, que tem menos agentes que em 2000 e já não consegue "fazer omeletas sem ovos".

"É no potencial e capital humano que sentimos os nossos maiores constrangimentos. Desde 2012 o Comando Metropolitano da PSP do Porto perdeu mais de 200 agentes, ou seja, é como se de repente tivéssemos encerrado mais de dez esquadras", afirmou Miguel Mendes durante a cerimónia comemorativa do 149.º aniversário daquela estrutura policial.
Salientando que o efetivo da PSP do Porto "é hoje inferior ao total do ano 2000", estando no nível mais baixo desde então, o responsável diz sentir "cada vez mais dificuldade em corresponder às solicitações dos autarcas, das autoridades judiciárias e dos cidadãos", sendo permanentemente necessário "fazer gestão de prioridades, até para ocorrências a que há uns anos acudia sem sobrecargas".

"Mesmo o nosso efetivo da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia, que deveria ser uma unidade de reserva, está em sobrecarga permanente, mostrando que também nessa perspetiva carecemos de revisão e reforços dos seus efetivos", notou.

De acordo com Miguel Mendes, foi já anulado "todo o ganho que possa ter sido alcançado com a reorganização do dispositivo do Porto" operada há alguns anos, que levou ao encerramento de 11 locais de atendimento, sendo que, em contrapartida, cada vez mais a polícia é solicitada "para prevenção e proximidade, para cooperação e projetos especiais e para a intervenção criminal".
"A nossa capacidade de fazer omeletas sem ovos está a esgotar-se", alertou, referindo que, adicionalmente, "algumas instituições" fazem "sistemáticas tentativas" para "impor" à PSP "obrigações" que não suas.

E, se nos últimos cinco anos "a criminalidade geral apresenta tendência para diminuir e a criminalidade violenta e grave tem propensão para decrescer", o facto é que em 2015 houve "um aumento de cerca de 3% de ocorrências, sendo que a criminalidade violenta e grave aumentou cerca de 8%", tendo sido realizado "mais 9% de detenções".
Segundo o comandante da PSP do Porto, em 2015 registaram-se quase 100.000 acionamentos de carros-patrulha, o que corresponde a 274 por dia e 11 por hora, tendo sido realizadas quase 8.500 operações planeadas, correspondentes a cerca de 79 operações por mês em cada um dos nove concelhos abrangidos por aquele comando metropolitano.

A estes números somam-se 4.300 operações preventivas de segurança e fiscalização rodoviária, quase 40 por mês em cada concelho, e mais de 2.300 operações de fiscalização a estabelecimentos hoteleiros e similares, no âmbito das armas e explosivos e da segurança privada.
No que se refere à estrutura de investigação criminal, em 2015 concluiu mais de 8.600 cartas precatórias, quase 720 por mês, e mais de 11.200 processos-crime, quase 1.000 por mês.

No total, esta polícia técnica realizou nesse ano mais de 713 buscas das quais resultou a apreensão de "mais de meio milhão de euros em dinheiro" e de "mais de 100 viaturas, de 200 armas e de 700 detenções". Fez ainda perto de 2.800 inspeções judiciárias a locais de crime com 900 recolhas positivas, das quais resultou a identificação de 200 suspeitos.

Analisando os dados do primeiro semestre deste ano, Miguel Mendes disse que "a criminalidade violenta e grave recuou 24%, ainda que o número de detidos tenha descido perto de 9%".
Para além da falta de efetivos, o responsável policial apontou ainda as "dificuldades" sentidas pela PSP do Porto ao nível de instalações: "Há anos que se reportam os problemas da Bela Vista; continuamos com as incompletas instalações da Divisão de Trânsito, temos uma degradação assinalável e contínua do edifício de Oliveira do Douro, temos esquadras inadequadas...", referiu.
http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/psp_do_porto_pede_reforco_urgente_de_efetivos.html

por **Guarda que anda à linha** Ter 09 Ago 2016, 18:18

"O comandante metropolitano do Porto da PSP alertou esta terça-feira para a necessidade urgente de reforço de efetivos daquela polícia, que tem menos agentes que em 2000 e já não consegue "fazer omeletas sem ovos".

Isto é o principio dos resultados de desde há uns anos a esta parte terem andado a brincar com o fogo no que à gestão dos recursos humanos dos elementos das forças de segurança/militares diz respeito. Nomeadamente com os aumentos das idades no serviço ativo/retardar nas saídas para pré aposentação, reserva e reforma destes profissionais.

Não há novas incorporações ou quando há são em número reduzido, os mais velhos que entretanto já reuniram condições para sair não os deixam sair, depois não aguentam e encostam à box.

Este problema está escarrapachado á vista de todos e não é por falta de alertas que alguém se pode esconder ou escusar e dizer que não sabia ou conhecia.

O problema do envelhecimento/falta de efetivos nas Forças de segurança é uma bomba relógio ao retardador que foi acionada há alguns anos atrás, mais tarde ou mais cedo irá explodir nas mão de alguém.

por **moralez** Ter 09 Ago 2016, 19:17

Parei de ler aqui:
"Perder 200 agentes é como se tivessem fechado mais de dez esquadras."
Ora isso daria um efetivo de menos de 20 homens por esquadra.
Vindo daquela força de segurança que não abre esquadras com menos de 50 homens, é querer atirar areia para os olhos de quem não percebe nada disto...
A razão da notícia até pode (e deve ser) verdadeira. Contudo, para mim já perdeu a credibilidade toda só neste "pequeno" pormenor mentiroso.
Por isso, o homem que vá aldrabar quem lhe fez as orelhas e peça o efetivo que precisa da forma que tem que ser feita e esqueça a busca por protagonismo gratuito dada pelos OCS.

por **msm** Ter 09 Ago 2016, 21:38

Há muita esquadra com menos de 20 homens.

por **moralez** Ter 09 Ago 2016, 22:05

msm escreveu:Há muita esquadra com menos de 20 homens.

Tenho muitas dúvidas...
Mas, mesmo que haja, nos Comet de Lisboa e do Porto não é de certeza...

por **msm** Qua 10 Ago 2016, 03:32

Precisamente aí. Nalguns casos até é preciso um certo esforço e imaginação para lhes chamar de esquadras, quase nao passam de postos de atendimento e algumas são-no de facto. Mas num aspecto concordo consigo, o homem pintou aquilo com tons demasiado negros, não se vergando perante os vip que o ouviam; nem todos o fazem, outros douram a pilula.

por **Guarda que anda à linha** Qua 10 Ago 2016, 11:20

"o homem pintou aquilo com tons demasiado negros, não se vergando perante os vip que o ouviam; nem todos o fazem, outros douram a pílula."

E muito bem, e ainda bem que o fez, e ainda bem que teve a coragem de o dizer, tratar as coisas pelos nomes.

Se não tem homens suficientes para o cumprimento da missão, e desde já sabemos que é o que neste momento está a acontecer nas FS, em que se está a colher os primeiros frutos do que foi semeado em 2005 (decretos leis que vieram aumentar os anos de serviço e o retardar das aposentações e reformas dos militares e policias) já se sabia que a curto prazo iria provocar o envelhecimento do efetivo. Associado às poucas incorporações/ingressos/ admissões de novos elementos, só podia dar nisto, instituições policiais à beira da rotura.

Este é o discurso da realidade e da verdade que tem de ser dito, o de tratar as coisas pelos nomes. E não o da covardia, da mentira, da ocultação da realidade e o de querer ficar bem na fotografia, como por várias vezes em situações semelhantes já ouvi dizer. Em que os efetivos deveriam ser X e nós só temos Y, mas o serviço faz-se na mesma. Isto, para VIP, é música dourada a ouro da melhor qualidade para os seus ouvidos. E pensam assim: O efetivo deveria ser X e tu só tens Y, e apesar disso o serviço faz-se na mesma? Então contenta-te lá com os Y que tens e continua lá a fazer o serviço na mesma.

Só que nesses discursos da covardia, onde não se pretende tratar as coisas pelos nomes é ocultado, é escondido e não é dito também aos VIPs, que para o serviço se fazer na mesma aumenta-se os horários, os turnos, cortam-se as folgas e por vezes também se cortam as férias aos Y.

por **COELHO.X** Qua 10 Ago 2016, 12:54

A capa do correio da manhã de hoje é bem elustrativa do que se passa em termos de entradas e saídas de efetivo nas forças de segurança. O efetivo caminha a passos largos novamente para o seu envelhecimento.

por **Guarda que anda à linha** Qui 11 Ago 2016, 13:39

Estes, são os decretos-leis que foram feitos em Setembro de 2005 que, em relação aos militares da GNR e agentes da PSP, permitiram e levaram a que, em termos de efetivo/envelhecimento de efetivos/menos efetivos no serviço operacional/esquadras e postos à beira da rutura, chegámos ao ponto em que nos encontramos hoje.

http://www.aspp-psp.pt/images/aspp/regaposenta.pdf

http://asficpj.org/temas/legislacao/declei159_2005.pdf

Estes dois Decretos-lei têm na sua introdução esta explicação, mais ou menos idêntica, em comum:

“Esta excepção ao futuro regime geral da aposentação na função pública justifica-se pelas características especiais da actividade de segurança interna, não apenas porque o desgaste sofrido justifica uma idade mais reduzida de aposentação, mas também porque as próprias características da função tornam inviável que, na generalidade dos casos, ela seja exercida por pessoal com mais de 60 anos de idade.”

Apesar dos vários avisos que na altura foram feitos pelos mais variados responsáveis das respetivas instituições, assim como pelas mais variadas pessoas e entidades da sociedade em geral, dos efeitos nefastos que estes Decretos-lei iriam, no futuro, provocar nestas instituições. Desses avisos e alertas sobre esses diplomas, foi feito, pelos responsáveis pelos mesmos, tábua rasa e, mesmo assim, avançaram. 11 anos depois, o resultado aí está, há vista de todos.

Mas, apesar destes resultados e dos efeitos desastrosos já conhecidos que as medidas preconizadas nestes dois decretos-lei estão a provocar nestas instituições, não é que, mesmo assim, e apesar disso tudo, 11 anos depois, em setembro de 2016, vão voltar outra vez à carga, e vão agravar mais ainda as condições de passagem à pré aposentação, aposentação, reserva e reforma destes profissionais. O que, por arrastamento, vai por em causa a capacidade de resposta destas forças de segurança e a segurança interna do país.

Agora, é caso para perguntar: O que é que teria mudado desde 2005 até 2016, para que em 2005, conforme está explicado no sublinhado, as características especiais de atividade e funções de segurança interna não fossem desempenhadas por pessoal com mais de 60 anos de idade. E, em Setembro de 2016, querem alterar outra vez a lei onde essas funções de características especiais de segurança interna, já vão poder passar a serem desempenhadas por pessoal com mais de 60 anos de idade?

por **Guarda que anda à linha** Sáb 13 Ago 2016, 18:29

http://www.rtp.pt/noticias/pais/centeno-trava-admissao-de-500-policias_v939702

https://www.noticiasaominuto.com/pais/638029/sindicato-lamenta-falta-de-efetivos-apos-disturbios-em-almada