A ironia do destino.

A ironia do destino.

Vejam bem, em 2005 (e sabem quem é que governava nessa altura?) começou o ataque cerrado, sem precedentes, aos direitos e condições de serviço e de trabalho dos profissionais destas instituições, e destas instituições propriamente ditas.

Vejam bem como é que estão hoje as instituições públicas de saúde, as Forças Armadas, e as Forças de Segurança (PSP e GNR) após os sucessivos ataques cerrados de que têm sido alvo desde 2005 para cá. Simplesmente estão de rastos.

Ironicamente, 15/16 anos depois, e, pasme-se, com alguns dos mesmos protagonistas que agora governam e que na altura governavam, são os profissionais dessas mesmas instituições que desde 2005 para cá tanta porrada têm levado que, agora, só com o osso, mesmo com o sacrifício das próprias vidas, lutam diariamente e sem descanso para nos acudir e salvar.

https://observador.pt/2019/07/02/paralisacoes-na-area-da-saude-comecam-esta-terca-feira-e-prolongam-se-ate-ao-final-da-semana/

https://observador.pt/2019/02/06/greve-dos-enfermeiros-pode-ser-evitada-atraves-da-requisicao-civil-perguntas-e-respostas/

https://www.publico.pt/2019/02/07/politica/noticia/presidente-considera-intoleravel-ameaca-enfermeiros-nao-ir-trabalhar-1861179

https://observador.pt/2019/02/22/os-chas-com-mel-o-frio-nos-pes-e-as-power-banks-como-se-aguenta-o-enfermeiro-em-greve-de-fome/

https://www.nit.pt/fit/saude/medica-portuguesa-voces-que-nos-aplaudiram-tambem-nos-apunhalaram-pelas-costas

https://www.publico.pt/2021/01/19/sociedade/noticia/loucura-total-hospitais-medicos-estao-exaustos-sofrimento-etico-1946845

https://www.noticiasaominuto.com/pais/1677290/aprovada-a-contratacao-de-medicos-e-enfermeiros-estrangeiros

https://observador.pt/2021/01/26/apos-eleicoes-marcelo-e-costa-em-total-uniao-numa-visita-conjunta-a-hospital-das-forcas-armadas/

https://observador.pt/2021/01/29/covid-19-tres-doentes-em-cuidados-intensivos-transferidos-esta-sexta-feira-de-lisboa-para-a-madeira/

https://sicnoticias.pt/especiais/coronavirus/2021-01-23-Fiscalizacao-no-confinamento-PSP-e-GNR-podem-cobrar-multas-na-hora

https://ionline.sapo.pt/artigo/722542/casos-na-psp-aumentam-se-isto-continuar-nao-ha-pessoal-para-estar-na-rua?seccao=Portugal_i

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/governo-decidiu-usar-a-arma-repressiva-para-travar-a-pandemia-13282667.html

https://observador.pt/2021/01/23/covid-19-associacao-da-gnr-questiona-verdadeiro-objetivo-de-operacoes-de-stop/

Como é irónico, o destino.

Quem diria. Em Portugal, desde 2005 para cá, as classes profissionais mais agredidas pelos políticos nos seus direitos e condições de trabalho/serviço foram os militares, polícias e profissionais de saúde. Ainda se lembram das greves, manifestações e protestos promovidos por estas classes profissionais como forma de alerta para o que tais medidas poderiam provocar um dia, e que para uns (militares e policias) deu processos disciplinares, e para outros (profissionais de saúde) pairou sobre eles a requisição civil? Pois é, infelizmente o tempo veio (está) a dar-lhes razão, e da pior maneira possível.

Quem é que havia de dizer que, cerca de 15/16 anos depois, essas mesmas classes profissionais devido à pandemia que actualmente vivemos são as que mais nos acode e socorre, ao ponto de termos de recorrer também, pasme-se, aos profissionais de saúde militares alemães. https://observador.pt/programas/noticiario/as-noticias-das-19h-513/  https://www.publico.pt/2021/02/02/politica/noticia/delegacao-alema-liderada-chefe-estadomaior-ramo-medico-1948949

https://www.publico.pt/2021/02/02/politica/noticia/costa-aceita-ajuda-internacional-alemaes-sao-1948895

Como é irónico o destino. Aqui temos um exemplo do resultado desastroso provocado pelos ataques cerrados ás condições de serviço e direitos dos profissionais das instituições de soberania/fulcrais em Portugal. Agora, por causa da "nossa" incompetência, andamos de mão estendida junto dos estrangeiros para que alguém nos acuda.

Esperemos que, doravante, aqueles que nos últimos anos nos têm desgovernado, cada vez que pretenderem atacar as condições laborais, profissionais e sociais dos militares, dos polícias e dos profissionais de saúde que não se lembrem de Santa Bárbara só quando troveja.

Neste embaralha parte e dá, vejam bem as voltas que a vida dá.

Vice-almirante Henrique Gouveia e Melo é o novo responsável da taskforce da vacinação contra a covid-19 https://ionline.sapo.pt/artigo/723491/vice-almirante-henrique-gouveia-e-melo-e-o-novo-responsavel-da-taskforce-da-vacinacao-contra-a-covid-19?seccao=Portugal_i

Desde há alguns anos a esta parte, os profissionais de saúde, os polícias e os militares (entre outros), profissionais de funções fulcrais e de soberania, foram os profissionais mais agredidos nos seus direitos e condições. Agressões essas que começaram em 2005 e ainda não tiveram fim. Perante a situação trágica e dramática que o país atualmente atravessa devido à pandemia, quem é que havia de dizer que, por ironia do destino, 15/16 anos depois do inicio desse ataque cerrado aos direitos sociais, familiares e profissionais e condições de serviço desses profissionais, foram precisamente recorrer a um militar para pôr ordem na casa, e pôr fim à situação vergonhosa que atualmente assistimos, de pessoas com cartão de “boy” partidário a passarem à frente de outras com mais necessidade de serem vacinadas, na situação da vacinação.