GNR de Salvaterra vive e trabalha em condições deploráveis e desumanas

Sociedade

Más condições da GNR de Salvaterra perante passividade da câmara e ministério Aspecto da cozinha e balneários é de dar vómitos e quarto de 20 metros quadrados tem que dar para oito
GNR de Salvaterra vive e trabalha em condições deploráveis e desumanas

Dizer que as condições do posto da GNR de Salvaterra de Magos são deploráveis é pouco. Nas instalações propriedade da câmara e que há mais de dez anos não têm qualquer manutenção trabalham 20 guardas que comem numa cozinha que de tão mau aspecto até dá vómitos. No dormitório dormem oito militares num espaço de cerca de 20 metros quadrados em que a roupa tem que estar em malas e sacos pelo chão onde mal se consegue andar. Os balneários têm um aspecto deplorável com paredes enegrecidas, azulejos partidos e fios de ferrugem dos canos a escorrerem até ao chão.

A dona do edifício nada tem feito para melhorar as condições e o Ministério da Administração Interna tem também deixado arrastar o caso. O comando de Santarém da GNR comunicou ao comando-geral a situação em que trabalham e pernoitam os militares e aguarda soluções. Enquanto isso, diz a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) cresce o descontentamento e a desmotivação dos militares colocados no posto que não tem o mínimo dos mínimos de condições de higiene e dignidade humana.

As janelas de madeira estão deformadas pela humidade e não fecham na totalidade, o que faz com que entre bastante frio no Inverno e que disparem os custos com aquecimento. Para fazerem as necessidades os militares dispõem de dois locais, qual deles o pior. Um é uma sanita no espaço dos balneários e outro é uma casa de banho que serve militares e utentes. Muitas vezes estão na casa de banho com os pés dentro de água porque esta situa-se na cave que costuma ter inundações no Inverno.

No início de 2010 os guardas tiveram que andar a meter os processos do arquivo em prateleiras altas porque a cave chegou a ter 15 centímetros de água devido ao deficiente escoamento e à entrada no espaço de água dos esgotos pluviais. Na altura a presidente da câmara, Ana Cristina Ribeiro (BE), em declarações a O MIRANTE limitava-se a reconhecer o problema e a dizer que não tinha dinheiro para reparar a situação que dizia implicar “obras complexas”.

Questionado por O MIRANTE, o dirigente da APG Pedro Duarte diz que foi solicitada uma reunião urgente com a presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, mas que não houve qualquer resposta. Uma situação que, acrescenta, revela a vontade do município em resolver ou ajudar na resolução do problema. Para o dirigente da associação que representa os guardas o posto podia ser relocalizado na desactivada escola do primeiro ciclo da vila. “Está em excelente estado e as condições são relativamente boas, sendo necessárias apenas pequenas requalificações para as funções policiais”, realça.

Não há instalações para mulheres e as guardas que estão ao serviço do posto não podem nem dormir nem tomar banho nas instalações. Pedro Duarte classifica o caso do posto de Salvaterra como “o mais gritante” do distrito de Santarém e garante que a associação não vai baixar os braços enquanto a situação não for resolvida.

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Os militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Salvaterra de Magos vão continuar a trabalhar no actual edifício onde sempre funcionou o posto da GNR. Tudo indica que o Ministério da Administração Interna (MAI) vai optar por fazer obras de adaptação e reajustamento do actual posto da GNR.

A informação foi dada pelo presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio (PS), em reunião camarária. O autarca explicou que uma vez que o município resolveu o "problema da inundação" que existia no quartel, o mesmo poderá sofrer obras de reajustamento, efectuadas pelo MAI.

Depois das obras concluídas, os militares deixam de pernoitar no Palácio da Falcoaria, como acontece actualmente. O presidente da autarquia já tinha dito que precisa do espaço para outros fins.

Surreal, absurdo e demonstrativo de um total desrespeito pela câmara municipal. É assim que o presidente do município, Hélder Esménio, classifica a posição da associação que critíca o arrastar do processo de transferência do posto da GNR de Salvaterra de Magos para novas instalações.

Edição de 2014-12-24

O processo referente à transferência do posto da GNR de Salvaterra de Magos para novas instalações arrasta-se há cerca de dois anos e já está a motivar discórdias entre a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) e a câmara municipal. A APG emitiu um comunicado na semana passada onde critica o município por não avançar com a assinatura do protocolo de colaboração com o Governo, de modo a permitir a instalação do posto em instalações mais condignas, já que as actuais encontram-se bastante degradadas.

O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio (PS), considera que o comunicado da Associação Profissional da Guarda é surreal, absurdo e demonstra um total desrespeito por aqueles que têm estado do lado dos profissionais da GNR, ou seja, a câmara municipal.

“Custa a acreditar no conjunto de inverdades que são proferidas por parte de uma associação que deveria estar do lado da verdade e que não se deveria deixar instrumentalizar politicamente. Caricato é esta associação ter elogiado a disponibilização, por parte da autarquia, de um terreno para o Governo construir, se quiser, um novo quartel e agora isso é motivo de crítica”, lamenta o autarca, acrescentando que os dirigentes da APG não contactaram o município nos últimos seis meses para avaliar a evolução da situação. “Este comunicado é um tiro no pé no legítimo esforço de se exigirem melhores condições no posto da GNR de Salvaterra”, sublinhou.

No comunicado, a APG diz que a proposta de instalação do posto da GNR no edifício da antiga escola primária da vila “nunca foi bem aceite pelo actual executivo camarário, que defende a construção dum novo posto territorial de raiz”. Esménio explicou que tinha pedido uma reunião com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, para resolver o problema. Entretanto, Macedo demitiu-se e assim que a nova ministra tomou posse foi pedida nova reunião para discutir o assunto. “Disseram-nos esta semana que o pedido de agendamento de reunião está com o chefe de gabinete da ministra. Não podemos fazer outra coisa senão esperar a disponibilidade da ministra”, justificou o presidente.

Em comunicado, a associação lembra que a construção de instalações já foi afastada definitivamente pela tutela. A APG lamenta, em comunicado, a situação e “não vê com bons olhos esta postura por parte do executivo municipal que tem impedido o processo de relocalização do posto. Desta forma, tem sujeito os profissionais da GNR e os cidadãos que acorrem aos seus serviços a condições indignas”, sublinha.

O posto onde está instalada a GNR não tem as mínimas condições de trabalho e segurança. Uma situação que se arrasta há vários anos e que, apesar das promessas, nunca chegou a ser resolvido. “O seu estado de degradação é visível, tratando-se mesmo de um caso de saúde pública, visto existirem ratazanas e baratas em todo o posto”, refere a associação.


Muitas promessas, poucas obras

Em Dezembro do ano passado O MIRANTE dava conta que, ao contrário do que tinha sido anunciado no início de 2013, não ia ser tão cedo que a GNR de Salvaterra de Magos ia sair das degradadas instalações em que se encontra. As promessas de ser resolvido rapidamente o problema, após

O MIRANTE ter denunciado a situação em 2012, caíram em saco roto. O comando de Santarém da Guarda dizia, na altura, que a situação estava em estudo. Mas o certo é que não há dinheiro para fazer as obras na antiga escola primária da vila para onde estava prevista a transferência do posto.

Esménio chegou a reunir com o director-geral das Infra-Estruturas e Equipamentos do MAI tendo-lhe sido comunicado que obras em quartéis da GNR não eram elegíveis no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Em Janeiro de 2013, a então presidente, Ana Cristina Ribeiro (BE), apressou-se a anunciar a candidatura da obra ao QREN com uma comparticipação de 85 por cento. Mas, segundo o sucessor, a autarca já sabia que não havia possibilidades de obter financiamento.

A ex-presidente da câmara assinou no último dia em funções um contrato com uma empresa para fazer o projecto para as obras na escola, no valor de 25 mil euros. Contrato que, entretanto, o novo executivo rescindiu. Estava prevista a assinatura de um protocolo de colaboração com o MAI, o que também não aconteceu.