Comandante monta câmara para espiar subordinados em posto da GNR

Câmara, que capta imagem e som e transmitia 24 horas, foi descoberta por um militar, em 2022.

O antigo comandante do posto de busca e resgate em montanha da GNR do Gerês instalou uma câmara de vídeo, escondida num relógio, para espiar e ouvir todas as conversas e, dessa forma, ter maior controlo sobre os 17 militares daquela unidade criada em 2021.

A câmara, que capta imagem e som e transmitia 24 horas, foi descoberta por um militar, em 2022. “Quando o GNR passou a informação do cartão de memória para um computador viu as gravações do posto do Gerês, mas também encontrou imagens e conversas de outros colegas do posto de Arcos de Valdevez, onde o comandante tinha estado a exercer”, explicou um militar que pediu para não ser identificado.

Confrontado, o comandante, um sargento adjunto, tentou coagir os militares e adotou uma postura agressiva e vingativa. “Prejudicou-nos a todos nas avaliações e a GNR quis sempre abafar o caso”, acrescentou outro militar que pediu anonimato. Todos os militares foram ouvidos, no âmbito do processo de averiguações levantado pela instituição, mas o comandante nunca foi afastado. “Claro que o ambiente no posto era péssimo. Tivemos de conviver quase dois anos e meio com um comandante em quem não confiávamos e que fazia de tudo para nos prejudicar. Tudo o que não deve acontecer num posto da GNR”, atirou o militar.

Há cerca de duas semanas, o comandante foi transferido, outra vez, para o posto de Arcos de Valdevez. Ao CM, a GNR confirma “a abertura de um processo interno, no âmbito disciplinar, que aguarda a decisão do processo-crime no Tribunal de Braga”.

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