Chefe da PSP protegia traficantes de droga

Os detidos são sete homens e três mulheres, com idades entre 20 e 64 anos, e o Comando Metropolitano da PSP já confirmou formalmente, em comunicado desta quarta-feira, que um deles integra os seus efetivos.

A operação que culminou nas dez detenções decorreu na segunda e na terça-feira, na sequência de uma investigação sobre o tráfico de estupefacientes no bairro da Sé, no Porto.

A investigação foi iniciada em fevereiro, sob direção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP).

No comunicado, o comando regional da PSP explica que, no âmbito da operação, foram realizadas 11 buscas domiciliárias nos concelhos do Porto e de Gondomar, que resultaram na apreensão de heroína para 3.600 doses e cocaína para 870, além de 1,65 gramas de liamba, 11 euros, cinco armas brancas e equipamento informático e eletrónico.

O agente da PSP, um chefe, receberia dinheiro "a troco de proteção a indivíduos ligados ao tráfico".

Terá mesmo avisado traficantes da altura de realização de rusgas policiais.

Uma funcionária do DIAP, já detida em agosto e suspensa de funções, é também associada ao grupo por aquele jornal.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Seguranca/Interior.aspx?content_id=2915571&page=-1

Para tal usava códigos, nomeadamente quando falava dos colegas da polícia. Chegou mesmo a apelidar os agentes da PSP de membros de ‘gang' e de ‘bombeiros'.

"Olha que os bombeiros acabaram de sair agora todos do tribunal, tem cuidado", disse o chefe Fernando Mendes num telefonema para Aurélio, referindo-se aos antigos colegas da 1ª Esquadra de Investigação Criminal da PSP, com os quais tinha estado num julgamento.

Numa outra chamada é Aurélio quem também usa códigos. "Já chegou o testamento, tenho de reunir com a minha médica", diz ao chefe Mendes, referindo-se a uma acusação por tráfico de droga e à necessidade de falar com a advogada.

O chefe Fernando Mendes, que actualmente estava a exercer funções no posto de S. Mamede de Infesta, em Matosinhos, chegou também a usar a palavra ‘folar' para se referir a dinheiro.

"A tua mulher que não se esqueça do meu folar", lembrou o PSP numa conversa com o traficante da Sé.

Recorde-se que a rede integrava ainda uma funcionária judicial do Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto. Sónia Costa tinha já sido constituída arguida em Agosto deste ano pelo crime de corrupção e foi ela que acabou por denunciar todo o esquema às autoridades e que nele estava envolvido o chefe Mendes. A funcionária deu várias informações processuais a troco de droga. Nas buscas à casa de Aurélio, a polícia encontrou vários documentos processuais, alguns deles emitidos através do programa TMenu, exclusivo para funcionários judiciais.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/policia-falava-por-codigo