"Ó da Guarda!" por Carlos Tomás, jornalista independente

Carlos Tomás escreveu:

Ó da Guarda!!!

Texto de opinião, Carlos Tomás, (jornalista, quando me deixam)

São os que ganham menos. São os menos reconhecidos. Mas são aqueles que diariamente dão literalmente o corpo ao manifesto. Sim! Falo dos Guardas da GNR. Homens e mulheres que todos os dias fazem de “112” e auxiliam milhares de cidadãos. Servem de polícias, de médicos de clínica geral, de psicólogos, sociólogos, de “baby sitters” e de mais uma infinidade de profissões. Apoiam idosos e estudantes, combatem crimes ecológicos, ensinam a usar o cinto de segurança e, ainda, vá lá saber-se porquê (!), até combatem o crime que, como se viu pelo último relatório de Segurança Interna, alastra pelo interior deste país à beira mar plantado.

O guarda é a cara da GNR. É ele que está sempre na primeira linha da frente de batalha. Se uma mulher está à beira de ter um filho, chama-se a GNR (leia-se a patrulha da Guarda). Se há um litígio familiar, chama-se a GNR. Se há uma inundação em casa, chama-se a GNR. Se há uma confusão num bar, chama-se a GNR. E chama-se a GNR para tudo e mais alguma coisa. Até para resolver conflitos que não existem. E quem é que vai às ocorrências? O "guardilha"!

Agora, pasme-se, o Ministério das Finanças encomendou, há uns tempos, um estudo a uma empresa chamada “MERCER”, que veio dizer que os guardas ganham acima da média nacional. Qual média? E comparado com quem? Com os nossos congéneres europeus? Só podem estar a brincar. Os guardas são, em termos da União Europeia, aqueles que menos ganham. E quando digo menos, estou a falar em muito menos. E, no entanto, estão 24 sobre 24 horas de serviço, mesmo quando despem a farda.

A um país que maltrata os Guardas da GNR não se pode augurar grande futuro. E o Governo está a tentar maltratar o seu verdadeiro “112”. Homens e mulheres que, no mesmo turno, conseguem desempenhar diversas missões e nas mais diversas áreas.

Oxalá, um dia destes, não tenham todos de gritar: “Ó da Guarda!”

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VENTURA MAGALHÃES escreveu:No meu tempo havia um jornal clandestino que denunciava factos e que se chamava "Ó DA GUARDA"
era durante a noite que se espalhavam pelas casernas vários exemplares desse jornal.